Tuesday, January 31, 2006

Embirrações Pessoais #2 - "Doctor" Phil

É uma embirração de natureza corporativa, confesso.

A Psicologia nunca foi, não é e espero que nunca seja aquilo.

Um homem que se diz psicólogo não faz aqueles julgamentos sumários - aliás sumaríssimos - perante uma audiência de milhões de espectadores nos Estados Unidos e em todo o mundo. Uma Oprah pode, porque não está ali a representar classe alguma, muito menos uma classe que exige um determinado comportamento, mormente de carácter ético e deontológico.

Um psicólogo não critica uma pessoa por ter uma amante. Um psicólogo não faz uma parafernália de supostas publicações científicas baseadas em 10-passos-para-qualquer-coisa ou como-fazer-resultar-a-sua-relação-amorosa. E muito menos expõe a sua vida familiar, com a presença da sua mulher em todos os espectáculos.

Chamem-me ortodoxa, europeísta. Sou, de facto, europeísta convicta e orgulhosa da tradição europeia da Psicologia. E custa-me demasiado (e só os psicólogos conscientes saberão como custa) ser psicóloga; consumo-me demasiado com questões deontológicas e de intervenção, para depois vir um palhaço daqueles e deitar por terra todo o trabalho de dismistificação acerca do que é um psicólogo, o que faz, e o que são as suas obrigações (porque direitos, como sabemos, são poucos).

E portanto, até que a voz me doa, hei-de embirrar com o programita de tv.

4 Comments:

Blogger Seamoon said...

Concordo plenamente !
é mesmo de tirar qualquer pessoa do sério.

ps.gosto mt deste blog,vou vir cá mais vezes e fazer uma visitita.
bjs

4:05 AM  
Blogger fiona bacana said...

let's spread the word!;)
e continua c as visitas!

9:24 AM  
Blogger NAM said...

Enfim, é por coisas destas que eu deixei de acreditar na psicologia que nos chega do outro lado do Atlântico! Já para não falar dos livros escritos por ditos "homens da ciência"...

Bom Blog, continua...

3:51 AM  
Blogger fiona bacana said...

caro nam,
obrigada pela visita!

O problema é q nos US o neoliberalismo económico atravessa todas as dimensões e classes...tipos consagrados como o David Blustein ou como o Frederik Lopez vivem de financiamentos de 2 em 2 anos, e a política de atribuição de "grants" e "funding" tem critérios absolutamente economicista...Por outro lado, os que se mantêm "invictos", ou já são chairmen (como o Robert Kegan) e estão-se borrifando ou batalham para conseguirem publicações como se recentes investigadores se tratassem...
A realidade da Psicologia nos US, a nível académico, é quase tão precária como em Portugal. Ao contrário, os psicoterapeutas/counselors gozam de uma reputação social (e respectiva folha salarial) semelhante aos médicos em portugal...

6:54 AM  

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