Friday, January 27, 2006

Missa #2 - Saia Justa






Sou fã devota desde 2003, quando chegou a Portugal, ainda na primeira época e com o primeiro elenco. Reunia Mónica Waldvogel (jornalista, uma espécie de Margarida Pinto Correia lá do sítio) como dinamizadora de uma equipa de três mulheres: Rita Lee (precisa de apresentações?), Marisa Orth (actriz de teatro, cinema e televisão, a "Magda" do Sai de Baixo, ex-aluna de Psicologia na Universidade de São Paulo) e outra mulher que eu desconhecia à época, escritora e argumentista de "Os Normais", chamada Fernanda Young ("Efeito Urano" e "Aritmética" são livros que costumo citar por aqui).
Esse Saia Justa durou quase 2 anos. Fórmula simples: 4 mulheres que falam de tudo, desde as coisas tidas como mais superficiais como as tidas como mais profundas. O segredo não era o formato (até com tentativas imberbes aqui na terra lusa), mas sim a interacção das características das intervenientes: a solidez e sobriedade de Mónica contrapunham com a contundente e politicamente incorrecta Fernanda Young; o olhar simultaneamente clarividente e turvo de Marisa com a simplicidade aparente de Rita Lee (que dificilmente dispensava o tom escatológico - o que, por acaso, nunca apreciei particularmente).

Pois que tudo o que é bom um dia acaba e acho que as 3 convidadas tiveram o discernimento de sair de cena (porque às vezes é preciso, mesmo quando as coisas correm muito bem).

No final de 2005 surge a nova edição de Saia Justa. Mónica Waldvogel continua a liderar a fluência da conversa, mas com 3 novas caras: Luana Piovani (actriz), Betty Lago (ex-modelo, actriz) e Márcia Tiburi (filósofa).

Não tem a mesma intensidade que a 1ª edição, é um facto. Mas continua a ter o condão de me fazer olhar para as coisas que me rodeiam de uma outra perspectiva, mesmo que só por um minuto, e por muito pouco ortodoxa que seja essa grelha de leitura alternativa.

A última vez que vi (e já foi há algum tempo, porque os horários são para quem trabalha em casa) a pergunta ecoou na minha cabeça: que tipo de violência você pratica? (partindo de um depoimento de um psicanalista que advoga que todos nós praticamos algum tipo de violência).

E por isso, com mais ou menos regularidade, Saia Justa continua a ser uma missa para mim.

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