Monday, May 08, 2006

Não me surpreende nem angustia

Aqui vemos que Portugal sempre consegue ser primeiro em alguma coisa.

Não me surpreende e, desde já, constato dois factos que podem ter permitido este aumento de divórcios em Portugal:

1) ainda que continuem, vá-se lá saber porquê, a ganhar em média menos 500 euros que os homens (em iguais funções, note-se), as mulheres já não entregam de bandeja ao marido a sua sobrevivência e independência económica (uma das motivações mais salientes no público feminino que trabalha fora de casa). Ora esta "independência" permite-lhes ficarem apenas orfãs de uma dependência de cariz mais emocional (o estereótipo da "mulher divorciada", o futuro dos filhos), e já não apenas reféns da providência económica que, tendencialmente, o marido tende a fornecer;

2) a prevalência do catolicismo - nem que não seja um catolicismo cultural - já não deixa que as pessoas fiquem miseráveis e infelizes por um juramento, perante whoever, feito a maior parte das vezes pelas inenarráveis e a maior parte das vezes implícitas pressões sociais (só para terem uma ideia, a indústria associada ao casamento constitui 3% do PIB nacional).

Nada disto me angustia (e nem me venham com a piada de que o mau relacionamento conjugal é bom negócio para os psicólogos!) e explico porquê: é sinal que as pessoas perceberam que nasceram para serem (ou irem sendo) mais felizes e que é preferível um bom divórcio a um mau casamento. Mesmo para a as crianças.

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