Friday, September 22, 2006

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Já por aqui abordei a constatação de facto de que o ser humano, no sentido antropológico do termo, não ser monogâmico. Chamo-lhe facto porque se contabilizarmos o número de habitantes à superfície da terra - e não nos deixarmos levar por esta coisa de a Cultura Ocidental ser o umbigo da Civilização - a maior percentagem não é de sujeitos monogâmicos (larga contribuição dos países do Médio Oriente e de África).

Então, poderemos afirmar que ser-se monogâmico é uma condicionante cultural?

Julgo que sim. Aprendemos, à medida que crescemos, esta coisa horrorosa das etiquetas: pelos amigos sente-se amizade, pelo marido/namorado(a) amor, pelos pais e pelos irmãos outro tipo de amor.

Para mim, obtusamente afirmo: é tudo amor. Mesmo o ódio é uma forma de amor. A sua forma de expressão é que é diferente.

Mais, as expectativas sociais consubstanciam esta necessidade arquétipa de ver a exclusividade como condição sine qua non, e é no contexto "relação amorosa" (como diz o senso comum) que mais espalhamos o espectro da exclusividade. Com os resultados desastrosos que se conhecem.

E então eu pergunto:
- será o reportório emocional das pessoas tão básico que não aceitem a ideia de poder amar várias pessoas ao mesmo tempo?

- se aceitamos que os nossos amigos amem outros amigos,
- se aceitamos que os nossos pais amem os nossos irmãos,
...porque raio não aceitamos que o nosso namorado(a) ame outra pessoa?

Parece-me que a monogamia é, portanto, um grilhão cultural a que nos prendemos, andamos a brincar às ideias pré-definidas do que é uma relação, a sofrer por causa da nossa própria definição e conceito - sem nos preocuparmos minimante se o ser humano tem ou não recursos para ser monogâmico. Isto é, pedir exclusividade numa relação e fazer dela condição sine qua non, não ganhará contornos de inexequibilidade?

Mas, palavra para quem sabe: comunidade poliamorosa na net.

3 Comments:

Blogger Sol said...

Tenho perdido algum tempo a pensar nestas questões. E acho que tens razão!

7:31 AM  
Blogger fiona bacana said...

E, o mais paradoxal de tudo: eu penso assim, mas não consigo sentir assim!...

2:28 AM  
Anonymous Anonymous said...

eu acho isso quase impossivel. sabes porquê? pq nás vivemos na competição, nós naturalmente competimos c os nossos irmãos e pais... por isso acho que nós só ao fim de muita convivência e noção de espaço com pessoas é que íamos lá, n achas?
eu acho que um grande problema no ciume é a competição, e é não fazer comparações...eu comparo "o meu pai" com "a minha mae", não vou comparar-me com a outra...enfim...

10:54 AM  

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