Saturday, November 12, 2005

«For what it's worth, it was worth all the while» (Dos Parabéns...)

«Sente o frio da janela e nao te agasalhes. Sente o teu corpo a gelar, enquanto o sangue corre rapido e roido nas veias. Encara o frio de frente, porque so assim te livras de consolos. para que compreendas o que fizeste à minha vida: deixaste-me a merce do frio, sem vontade nenhuma a nao ser de queimar a tua roupa para que sintas o mesmo frio que ey (sic).»

Percebi então que não há mãos que segurem o teu tempo em mim - porque, dizemos nós, o nosso tempo terminou. E não há mãos que nos agarrem nem amparem, porque a nossa queda só agora começou.

E sim, o meu amor por ti não é justo, porque não sei amar de forma justa. Não sei o que é o equilíbrio, porque não sei amar de forma condicionada. Só me entendo, e reconheço, nas descidas do céu ao inferno e regresso. Nos beijos trocados em violência, no odeio-te em forma de amo-te. Ou, para simplificar: odeio a forma como te amo. Mas é assim que te amo, desta forma tão injusta; tão injusta ao ponto de te dizer que, para mim, não é clara a diferença entre amar e amar-te. O que sinto por ti não é justo porque foi feito à tua medida, e talvez não saiba amar de outra forma. Porque, tenho vindo a recear, só sei amar-te. A ti.

Inundei-te a vida, eu sei. Catástrofe natural. Um tsunami afectivo, um amor na corda bamba. Dos destroços, nem eu nem tu sabemos se recuperaremos um dia. Ter-te nos meus olhos foi o melhor que a vida me deu. Ter as tuas mãos, finas como lâminas, a secarem-me as lágrimas foi o vício que nos matou aos dois. Não foi o teu vício, nem o meu. Foi o vício da vertigem da emoção, a aversão à estagnação, a paralisia ante uma planície.

Resta-nos aceitar, dizem os manuais, a derrota de ambos. Que não somos viáveis. Que a violência com que nos amamos não nos deixa passar incólumes ou impunes. Resta-me aceitar a ausência de ti em mim, procurando saber o que resta de mim para além de ti. Até agora, resta pouco; pouco para além do olhar turvado e diluído quando olho para Oeste.

Não me prendo aos 'ses', porque se tivesse escutado os 'porquês', não estaria aqui assim, de mãos atadas e braços vencidos pela necessária aceitação de que o fim está aqui. Que amar implica morrer e é isso que temos de fazer.

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