Monday, January 23, 2006

Do depois do depois do adeus (Um vazio cheio de nada)

Há alturas em que não consigo olhar-te. Cada vez que te materializas no meu dia, não sei o que te fazer. É verdade, não sei ter nem tenho saudades tuas. Habituei-me a usar-te como refúgio para a construção de castelos de cartas, e cada vez que estás presente, não sei olhar-te, falar-te, tomar-te. No espelho em que nos olhamos, será que nos vemos? Usei-te, portanto, e não me custa admiti-lo.
Preciso, então, de saber largar-te, dar-te à vida, e aos outros.
Mas então, se o desprendimento é assim tão claro e contundente, porque me custa(s)?

Dois minutos e cinquenta e seis segundos d(n)o teu poema. Acho que tenho um vazio que não passa. As horas passam, os dias passam, mas a sensação de um vazio cheio de nada continua. Como se tivesses um espaço em mim, um vazio colmatado com o que há de mais de ti, mais dentro de mim do que gostaria admitir, mas um vazio cheio…de nada.

Porque as horas passam, os dias passam, mas o vazio está lá.

Às vezes questiono-me se esse vazio é perceptível à vista desarmada. Mas é mera curiosidade, porque pouco me importa.

Porque um vazio, ainda que cheio de nada, é - ainda assim - um vazio.

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