Do amor, da fidelidade, da monogamia, da poligamia...#2
Facto: a maior parte da população mundial não é monogâmica. Porque os grandes contribuidores para os terráquios, mormente a zona do Médio Oriente, Ásia e África, não veiculam essa obsessão pela monogamia.
Interpretação: a civilização Ocidental é que fez da monogamia um dispositivo de normalização comportamental, disparando pelos media mensagens irrealistas acerca do amor romântico, condenando as pessoazinhas a compararem as suas relações e "aspirações a "a um referencial inatingível (porque se trata de um mito).
Assistimos, por outro lado, a uma simplificação abusiva das nossas etiquetas: gostamos de amigos mas amar só amamos os namorados.
Ora, desculpem lá a falta de modéstia, mas o meu reportório emocional não se resume a dois tipos de resposta: amor e amizade. E só a conversão de amor em amizade (para explicar todos os outros, numerosos outros, de quem gostamos) é sintoma do espírito de normalização que acima expliquei.
Mais ainda: porque é que a ausência de monogamia é encarada como infidelidade? Se não somos - tendencialmente - monogâmicos, não estabeleceremos as nossas relações em expectativas irrealistas? E porque assumir o comportamento não-monogâmico como "traição" (se não houver mentira pelo meio)?
Não estarão as nossas concepções de amor romântico e de relacionamento comprometidas desde o início?
E mais não digo até a G. pôr cá fora a tese...
Interpretação: a civilização Ocidental é que fez da monogamia um dispositivo de normalização comportamental, disparando pelos media mensagens irrealistas acerca do amor romântico, condenando as pessoazinhas a compararem as suas relações e "aspirações a "a um referencial inatingível (porque se trata de um mito).
Assistimos, por outro lado, a uma simplificação abusiva das nossas etiquetas: gostamos de amigos mas amar só amamos os namorados.
Ora, desculpem lá a falta de modéstia, mas o meu reportório emocional não se resume a dois tipos de resposta: amor e amizade. E só a conversão de amor em amizade (para explicar todos os outros, numerosos outros, de quem gostamos) é sintoma do espírito de normalização que acima expliquei.
Mais ainda: porque é que a ausência de monogamia é encarada como infidelidade? Se não somos - tendencialmente - monogâmicos, não estabeleceremos as nossas relações em expectativas irrealistas? E porque assumir o comportamento não-monogâmico como "traição" (se não houver mentira pelo meio)?
Não estarão as nossas concepções de amor romântico e de relacionamento comprometidas desde o início?
E mais não digo até a G. pôr cá fora a tese...
2 Comments:
Tudo bem, mas preferia que os meus pais não se tivessem separado, a minha vida tinha sido muito mais estável, bem como o meu interior.
Ainda menos piada acharia que tivesse sido por causa de outros "amores". Por muito boa pessoa que fosse a nova aquisição de qualquer um dos meus pais, não ia estar tão ligado a mim.
Além dos modelos de homem e mulher... (qual prevaleceria, de qual das mães? ou pais? se vivessemos assim numa comunidade poligâmica), além das combinações do dia-a-dia...
Se eu sou parecido com o meu pai (ou mãe), ao menos sei em quê, eheh. Porque é só um, sei de onde vem os exemplos que segui e consequentemente aquilo que sou. Só assim me posso demarcar e escolher, em que é que vou continuar parecido e em que é que vou ser diferente, porque fui conhecendo em profundidade o meu pai. Se tivesse mais que um era uma trapalhada, não era mais uma pessoa a conhecer, era mais uma pessoa e cada uma das relações (de intimidade) que essa pessoa estabelecesse com os outros membros da "família". Se no conhecimento de uma pessoa como o nosso pai já há tanta coisa que nos escapa, então muito mais turvo seria com mais outro pai. No fundo conhecer em profundidade cada um dos nossos pais permite conhecer em profundidade a nós próprios, coisa que eu acredito que toda a gente deseja.
Isto para dizer o quê? Que o amor monogâmico tem muitas virtudes. A maior delas é a profundidade (por ser mais simples) de relação que permite, a todos os níveis: de dedicação ao outro, de dedicação aos filhos, de dedicação à vida, o ir para além da nossa sexualidade (algo difícil de "domar"), porque essa já tem um porto seguro, e navegar pela vida e pela dádiva aos outros sem perder o norte.
Não se diz que podemos ter muitos amigos, mas amigos mesmo a sério cada pessoa só tem uma mão deles? Eu acho que é verdade, posso ter centenas de "amigos", mas amigos a sério que partilham muito da minha vida devem chegar os dedos de uma mão. Então uma pessoa que partilhe de tal maneira a minha vida e intimidade a ponto de confiar nela para partilhar a enorme responsabilidade de criar vida, um filho, não me espanta que encontre ou escolha apenas uma.
Vontade de dar umas curvas com outras pessoas, claro que sim, é natural, como é natural nos animais (que não deixámos de ser), mas não nos (humanos) ficámos por aí, realizamo-nos ou consolamo-nos (se encontrarmos a nossa "casa"/vocação na vida) no trabalho, na amizade, no desporto, no prazer intelectual, espiritual e social (sem nenhuma ordem em especial).
Extremando (ou talvez não), na vida tenho duas escolhas, ou sou especialista, ou sou generalista. Grosso modo, numa priviligio a qualidade, noutra a quantidade. Mas uma coisa é certa, não escolho nenhuma delas baseado no sexo, seria como escolher uma casa, para comprar, vendo apenas a porta (ou melhor vendo apenas a cama - a casa era mobilada, eheh), mas pior.
Obrigado pelo teu post, pelas questões que pões. Eu sou pouco criativo às vezes a questionar e por isso não tenho conscientes e presentes as coisas que sinto e que acredito.
ca burro, hehe. não vi que o #1 era o post anterior. leio depois.
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