A taste of your own medicine - trabalho & prostituição
A propósito do tema académico que me tem ocupado a mente nos últimos 2 anos (e antes disso ainda): se o trabalho pode, ou não, ser motor de desenvolvimento psicológico. Se o trabalho pode, ou não, tornar-nos - em senso comum - pessoas mais aptas, mais flexíveis, com mais autonomia no nosso próprio projecto existencial.
Mas eis que alguém vira o feitiço contra o feiticeiro. E a ti, o que te fez o trabalho?
Deu-me um melhor auto-conceito. Consigo perceber que sobrevivo sem muletas. Que há coisas em que sou boa (outras nem por isso). Que aprendi o verdadeiro conceito de auto-regulação, gerir timings e intervenções, donde advém um fantástico sentido de mestria.
Mas há coisas que eu não perdoo ao trabalho: fiquei pior pessoa. Nunca espetei facadas nas costas de ninguém, mas o lema "para filho da puta, filho da puta e meio" começa a passar-me pela cabeça pelo menos 3 vezes ao dia. Tarimbada pela experiência, já me passa - maioritariamente- ao lado ver pessoas a chorar. Perdi espontaneidade (custo da aprendizagem da tal auto-regulação). Aprendi a não dizer o que penso - total ou parcialmente. Lição essa a que me custou mais a aprender, porque invalidou uma escola de pelo menos 23 anos. Amputar-me de alguns dos valores que priviligiei durante esse tempo.
Pronto, em síntese: o trabalho demonstrou-me que consigo dar conta do recado. Que há pessoas que têm uma imagem nossa pré-definida, que embarra nos seus próprios valores, e que nunca (NUNCA!) nos hão-de reconhecer qualidade. E que convivemos todos os dias com uma fonte de não-reconhecimento, o que nos obriga ir a dentro de nós buscar a sensação de consciência tranquila. E auto-validarmo-nos, e procurar lá fora outras fontes de reconhecimento.
Isto é, confirmo para mim também: trabalho é prostituição. Recebemos dinheiro como indemnização por tempo que não passamos com as pessoas de quem gostamos e com quem realmente queremos estar. Para depois transformar essa indeminização em bens que nos consolem do tempo do qual abdicámos. Será que isto também vos soa a ciclo vicioso?
Mas eis que alguém vira o feitiço contra o feiticeiro. E a ti, o que te fez o trabalho?
Deu-me um melhor auto-conceito. Consigo perceber que sobrevivo sem muletas. Que há coisas em que sou boa (outras nem por isso). Que aprendi o verdadeiro conceito de auto-regulação, gerir timings e intervenções, donde advém um fantástico sentido de mestria.
Mas há coisas que eu não perdoo ao trabalho: fiquei pior pessoa. Nunca espetei facadas nas costas de ninguém, mas o lema "para filho da puta, filho da puta e meio" começa a passar-me pela cabeça pelo menos 3 vezes ao dia. Tarimbada pela experiência, já me passa - maioritariamente- ao lado ver pessoas a chorar. Perdi espontaneidade (custo da aprendizagem da tal auto-regulação). Aprendi a não dizer o que penso - total ou parcialmente. Lição essa a que me custou mais a aprender, porque invalidou uma escola de pelo menos 23 anos. Amputar-me de alguns dos valores que priviligiei durante esse tempo.
Pronto, em síntese: o trabalho demonstrou-me que consigo dar conta do recado. Que há pessoas que têm uma imagem nossa pré-definida, que embarra nos seus próprios valores, e que nunca (NUNCA!) nos hão-de reconhecer qualidade. E que convivemos todos os dias com uma fonte de não-reconhecimento, o que nos obriga ir a dentro de nós buscar a sensação de consciência tranquila. E auto-validarmo-nos, e procurar lá fora outras fontes de reconhecimento.
Isto é, confirmo para mim também: trabalho é prostituição. Recebemos dinheiro como indemnização por tempo que não passamos com as pessoas de quem gostamos e com quem realmente queremos estar. Para depois transformar essa indeminização em bens que nos consolem do tempo do qual abdicámos. Será que isto também vos soa a ciclo vicioso?
1 Comments:
Este texto podia ter sido escrito por mim... Como te entendo..
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