'Never is a promise - and you can't afford to lie'
Acordou com uma enorme sensação de arrependimento recém-descoberto. Não daquelas que se consubstanciam como o corolário do processo de reflexão e constatação de facto. Acordou com uma enorme sensação de arrependimento que nunca tinha sentido, não daquela forma.
Apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Um arrependimento sensorial. Daqueles em que o coração se embrulha com o estômago e dão um nó cego no cérebro. Fruto de eventual progressivo discernimento, porque o tempo passa e a sensação de presente já oscila entre o tão nítido que foi o passado, e o tão confabulado que foi o futuro.
Apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Pegou no telemóvel, a única ponte que resta. Começou a escrever. Não, isto não se diz por mensagem. Não é auto-punição que chegue. E as solicitações do dia que começa desviam a atenção do essencial. Contornou, então o impulso.
O dia foi uma sequência de tarefas. Em cada compasso de espera, volta o peso no estômago, uma perturbação da alma. Contornou, mais uma vez, o impulso.
Mas o dia chegou ao fim e o compasso teve o seu momento. Tentou dormir, em vão.
Apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Pedir-te desculpa pelo que fiz, pedir-te desculpa pelo que não fiz.
Desculpa por aquilo que nunca fui capaz de ser, mesmo sendo, contigo, aquilo que nunca fui.
Desculpa por ter-te gasto o ar de que precisavas para respirar, guardando-o só para mim e desperdiçando-o só para que visses o que é viver sem ar.
Desculpa por aquilo em que te transformei, achando que estava eu a ser transformada.
E desculpa ter-te obrigado a abandonar-me, porque já não havia mais destroços, nem caminho a percorrer.
A culpa, do que és hoje e do que fui, é minha.
Hoje vejo isso.
E por isso hoje apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Fechou a luz, e não dormiu nem mais um minuto. Depois da perda, a culpa.
Apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Um arrependimento sensorial. Daqueles em que o coração se embrulha com o estômago e dão um nó cego no cérebro. Fruto de eventual progressivo discernimento, porque o tempo passa e a sensação de presente já oscila entre o tão nítido que foi o passado, e o tão confabulado que foi o futuro.
Apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Pegou no telemóvel, a única ponte que resta. Começou a escrever. Não, isto não se diz por mensagem. Não é auto-punição que chegue. E as solicitações do dia que começa desviam a atenção do essencial. Contornou, então o impulso.
O dia foi uma sequência de tarefas. Em cada compasso de espera, volta o peso no estômago, uma perturbação da alma. Contornou, mais uma vez, o impulso.
Mas o dia chegou ao fim e o compasso teve o seu momento. Tentou dormir, em vão.
Apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Pedir-te desculpa pelo que fiz, pedir-te desculpa pelo que não fiz.
Desculpa por aquilo que nunca fui capaz de ser, mesmo sendo, contigo, aquilo que nunca fui.
Desculpa por ter-te gasto o ar de que precisavas para respirar, guardando-o só para mim e desperdiçando-o só para que visses o que é viver sem ar.
Desculpa por aquilo em que te transformei, achando que estava eu a ser transformada.
E desculpa ter-te obrigado a abandonar-me, porque já não havia mais destroços, nem caminho a percorrer.
A culpa, do que és hoje e do que fui, é minha.
Hoje vejo isso.
E por isso hoje apetece-me pedir-te desculpa até rebentar as artérias.
Fechou a luz, e não dormiu nem mais um minuto. Depois da perda, a culpa.
The original soundtrack for this post is: Never is a promise - Fiona Apple
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