Friday, September 29, 2006

O retiro

Casulas-te porque já não aguentas o mundo à tua volta, numa arrogância muito própria de quem não precisa do exterior para nada. Falsidade nietzchiana ou não, a necessidade aguça o engenho e, voilá!, tornas-te pro em isolamento.

As paredes não falam nem mexem, e fazem-te sempre a vontade. L’enfer c’est les autres, e é mesmo isso. Suspiras em confirmação.

Não há abraços, não há sorrisos, não há piadas. Mas há paz. E há calma. E tudo aquilo por que ansiaste um ano inteiro. A vida segue lá fora, mas desta vez não há um pingo de arrependimento. Ganhas um desprendimento real, como se os outros não contassem para nada. Passam a ser figurantes, porque a personagem principal voltas a ser tu.

1 Comments:

Blogger fiona bacana said...

chiça, falas da felicidade como uma pessoa que conheço...às vezes uma escolha é tão somente uma necessidade. E aceitar que a vida é uma continuidade de equilíbrios intrinseca e necessariamente perecíveis. O retiro é a busca de uma certa compensação homeostática. Não nego a necessidade imperiosa dos outros na minha vida, o que seria dela sem os meus "outros significativos"? Aprendi que se trata de uma busca, para te tornar mais disponível aos outros. Não pode é ser feito demasiadas vezes, corre-se o risco de acreditar que os outros são efectivamente o inferno nas nossas vidas...o que se revela uma parte verdade, mas também parte mentira.
Ah, e já agora, a questão da felicidade: as far as i'm concerned, não existe felicidade. Existem momentos felizes, que se esperam ser mtos.

obrigada pelo comment...:)

6:11 AM  

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