MICRO-reconhecimento
E a Maria leva-se muito a sério?
Não é que me leve muito, muito a sério. Levo é a vida e as coisas de forma demasiado séria. Mas essa é uma tónica de quase todos os humoristas.
Sofrem muito com a vida?
Acho que sim. Não é por acaso que o John Cleese, dos Monty Python, teve, a páginas tantas, um problema psicológico. Chegou a escrever um livro a contar os episódios das terapêuticas por que passou, onde contava o que é ser um cómico e estar perturbado psiquicamente.
Identifica-se com essa perturbação?
Para se chegar ao lado mais risível e engraçado das coisas, é preciso ter um olhar muito sério, dramático e objectivo sobre a vida. Um olhar invasor, perturbador, político. E, às vezes, um bocadinho ditador.
Sempre ambicionou ser humorista?
Sim. Foi sempre o meu sonho. Nos anos 90 esta profissão não era muito bem vista, agora é que está na moda ser actor por causa de produtos como os «Morangos com Açúcar». Eu achava que era um luxo desejar esse caminho. A sociedade ainda só valorizava quem lutava por um curso, um canudo. Eu só fui para o conservatório porque por uma décima não entrei em Direito. Achava que ia para ali um anito, tirar gosto, mas depois voltaria para a minha vida normal que era seguir Direito.
É uma pessoa triste, por detrás dos sorrisos?
Acho que sou. Muito melancólica. Nostálgica.
Maria Rueff in Única
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