Wednesday, June 07, 2006

Da Lusitânia #3

Quanto mais tempo passa, mais gosto desta Ministra da Educação. Afrontou uma das classes mais corporativas e fixistas que ocupam esta nossa Lusitânia. Extendeu o horário das escolas até às 17:30 (eu acho é que peca por escasso, não conheço ninguém que saia a essa hora do trabalho!), concursos nacionais de professores de 3 em 3 anos, pôs os sindicatos na ordem, deu voz aos pais numa parte pequena na avaliação dos professores, and so on...

Gosto desta mulher. Para além de "tê-los" no sítio, percebe que tudo começa no ensino básico. Deixem-na trabalhar! Só temo que os sindicatos lhe façam a folha...sindicalistas que não dão aulas há mais de uma década, só podem ser primeiro sindicalistas e só depois professores.

Mas gosto desta mulher (e sobretudo daquela cara, como se diz na minha terra, de "desafia-soco").

7 Comments:

Blogger bonifaceo said...

Há algumas classes que até acho que são beneficiadas em relação a outras, como professores, médicos e juízes. Mas sinceramente, há coisas que não têm qualquer cabimento, e uma delas é os pais avaliarem o trabalho de um professor. E já ouvi aí outras coisas que não gostei...

9:15 PM  
Blogger fiona bacana said...

Discordo completamente, bonifaceo!

Dou-te 1 exemplo: eu sou formadora. E uma das coisas q faço, no final de cada formação, é passar 1 ficha anónima em que os formandos avaliam a pertinência da formação, a qualidade da interacção da formadora com os formandos, a qualidade das dinâmicas de grupo, etc. São 30 e tal itens! Porque são eles os juízes do meu trabalho! Mais ainda: isso entra para a avaliação do meu desempenho.

Eu trabalho com alunos universitários; são adultos e portanto são eles que me avaliam. Uma vez que os alunos do 1º ciclo são crianças, é evidente que os pais têm de ter uma opinião e essa opinião tem de valer alguma coisa, mesmo de forma residual (como parece ser o caso da proposta). Eu, por exemplo, no dia em que tiver 1 filho (é q agora já posso ter 1 só filho sem ser prejudicada na minha carreira contributiva! :), acho q gostaria que a minha opinião fosse levada em atenção na avaliação dos professores do meu filho. Repara, se fosse uma coisa total, do género avaliação do professor = avaliação do encarregado de educação, eu estaria contra. Mas acho mesmo mto bem q os pais sejam chamados a avaliar os professores de forma residual, e pode até contribuir para um maior envolvimento dos pais na comunidade escolar.

E se podem existir situações extremas (as tais coisas q se calhar ouviste e n gostaste), também é verdade q 1 excepção n faz a regra, e este sistema de impunidade de professores em q alguns deles em 9 meses de aulas dão 3 meses é q n pode continuar...

Mas, voltando ao início, pq achas q n tem cabimento?

bxz

2:53 AM  
Blogger bonifaceo said...

Bem... apanhaste-me precisamente pela situação que eu pensei enquanto que escrevia, juro, até me está a dar vontade de rir agora quando li a tua resposta. Porque eu não sabia como iria ser a avaliação, mas ouvi tantas queixas que pensei que fosse realmente uma coisa "má". Bem, o "cabimento" foi um bocado exagerado se meteres a situação nos termos que meteste. Agora parecia um cãozinho com o rabo entre as pernas, mas quando tenho que admitir algo admito, e não estou dentro do assunto, por isso falei daquilo que tinha ouvido falar por alto, o que era pouco, e estás bem mais dentro do assunto do que eu, lol, foi notório agora.

Beijos.

7:10 AM  
Anonymous Anonymous said...

Não é pacífico! Antes de mais é preciso saber quais os critérios da avaliação, qual a ponderação da avaliação dos pais na avaliação global do professor? Será que a maioria dos pais está em condições de avaliar os professores dos respectivos filhos? Aqueles pais que acham que os principais educadores são os professores? Parece-me que assim vai ser cada vez mais fácil "sacudir a água do capote".

Não podemos cair no erro de tomar a parte pelo todo! Nem todos os professores são incompetentes!

Já agora, e se decidissem que a partir de hoje os doentes avaliam os médicos, os arguidos/réus avaliam os juízes?! Não será necessário, por mais justo, ser alguém com competência técnica na área a avaliar?

kiss
Jackie

2:51 PM  
Blogger Zénite said...

Pois é, cara Fiona, e entretanto as avaliações dos professores são feitas à bofetada e atirando caixotes de lixo à cabeça dos professores, como a que foi recentemente levada a efeito
por um casal de etnia cigana na Escola Básica de S. Gonçalo em Lisboa.
Poderá dizer-me o que se entende por avaliações residuais? Será que o casal agressor não terá interpretado bem a expressão ao pretender atirar resíduos ao rosto da professora?
Bem estruturado, o seu blog.

8:35 AM  
Blogger fiona bacana said...

Dear Jackie,
não me passa pela cabeça tomar a parte pelo todo, nem assumir que todos os professores são fixistas. Mas há uma classe mto à parte, que são os sindicalistas (o q n tem nada de mal, pelo contrário!), especialistas em fazer chantagens em dias de exames nacionais, por exemplo, tal como aconteceu o ano passado.

O que está em causa, nesta altura, é o princípio - não os critérios específicos da tal avaliação que se pretende residual, a construir mais à frente. E, na base do princípio, assumo que sim: os juízes tb devem ser avaliados, os médicos também devem ser avaliados (e olha logo que classes foste tu escolher, Jackie, das + corporativas q existem, só faltam os engºs!), desde que essa avaliação seja residual.E essa componente residual deve-se, efectivamente, ao facto de mtos pais não terem capacidade técnica para avaliar um professor - daí a minha incompatibilidade com a avaliação total. Mas já concordarias se o pai do aluno também fosse professor(a)?

Tb reconheço que há mtos pais q vêm nos professores um bode expiatório, mas tb é verdade que há mtos professores que não querem assumir o seu papel como agentes significativos na comunidade escolar, vejam-se as reacções ao estender do horário das escolas até às 17h ou as reacções ao estudo acompanhado. (Alguns) Querem ser significativos numas coisas, mas tb eles (outros) sacodem a água do capote noutras. E assim é que não pode ser, daí gostar desta Ministra, embora tenha 1 palpite que, com os elogios do Sócrates, temo que ela vá na 1ª remodelação governamental (no final deste ano).

4:15 AM  
Blogger fiona bacana said...

Caro zenite,
assumir que a avaliação de 1 encarregado de educação numa turma de 20 ou 30 alunos é suficiente para "dar cabo" da avaliação total do seu trabalho como professor é, na minha perspectiva, algo demagógico.

Os pais da criança em causa fizeram o que fizeram e para isso existem os tribunais; não é para fechar a escola e vir para a comunicação social e fazer papeis de desgraçados, parece que foram todos corridos à pancada e ao pontapé. É evidente que é de lamentar a posição da DREL em relação a este caso (tentou silenciar os professores para que n falassem aos media), mas estes casos pouco ou nada têm a ver com a "avaliação ponderada a uma baixa percentagem "(para responder à sua pergunta sobre a minha definição de "avaliação residual"). Por causa disso mesmo: é apenas 1 encarregado de educação.

4:21 AM  

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