Wednesday, November 23, 2005

Da aceitação incondicional

« - Sera - começa ele - espero que compreendas como é que eu vejo as coisas. Antes do mais, podes dispor do meu dinheiro. Podemos comprar um par de caixas de garrafas e tu ficas com o resto. Mas não acho que me estejas a falar do dinheiro. Penso que estás a falar de ti. Digo-te desde já que me apaixonei por ti, mas, mesmo assim, não estou cá para impor à tua alma a minha vida retorcida. Não estou aqui para exigir todas as tuas atenções, a ponto de te tirar à tua própria vida. Ambos sabemos que sou um bêbado. Isso faz parte desta realidade e tu não te importas. E também sabemos que tu és prostituta, por isso, se e quando quiseres trabalhar, seja por que motivo for, é contigo. Acho que não estou a deitar-me a adivinhar se disser que já andas nisso há muito tempo e que não te sentes mal. Por favor não penses que a minha aparente indiferença significa que não quero saber, porque quero. Significa simplesmente que confio em ti e aceito as tuas decisões, a tua vocação. O que eu quero dizer é que espero que compreendas que eu compreendo.
- Obrigada - diz ela. »

John O'Brien in Morrer em Las Vegas

2 Comments:

Blogger fiona bacana said...

até ter comprado em dvd, a fita VHS já estava gasta....:)

5:18 AM  
Blogger Rainha das cores said...

Um dos meus filmes preferidos. O amor devia ser sempre assim, sem máscaras, sem se querer mudar o outro mediante o nosso desejo. Amor incondicional!

10:13 AM  

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