Thursday, November 17, 2005

A justiça tarda, mas não...falta?!

Declaração de Augusto Pinochet sobre os crimes de que é acusado: Deus me perdoará se cometi excessos, o que não acredito.

Ora, só isto, só estas palavrinhas articuladas, só esta linha de raciocínio, dizem-me (que felizmente não sou juíz, advogado ou jurado nem por razão alguma colocaria o meu nome numa decisão judicial) que o homem acaba de se assumir como um ditador. Perseguir, aniquilar, fazer desaparecer pessoas e famílias inteiras é algo que só se compadece e esclarece com um diálogo entre ele e Deus. Está acima da justiça dos homens, portanto. Como diria um sábio amigo meu, é daqueles que pensando na sua relação eu-outros diria: entre deus e mim descubra as diferenças.

Ao que parece, a estratégia dos advogados de Pinochet deixou de ter uma fuga em frente. Depois de finalmente ter-lhe sido retirada a imunidade a que têm direito todos os ex-Chefes de Estado do Chile, chegou-se à conclusão que:

1) Pinochet, numa avaliação de peritos para aferir da sua saúde física e mental (a grande linha argumentativa dos seus brilhantes advogados), em todos os exames a que se submeteu (...), houve uma simulação da sua parte para fazer parecer mais graves os sintomas da doença neurológica que o afecta;

2) Com a excepção do perito indicado pela defesa de Pinochet, todos foram da opinião que o homem não tem qualquer sintoma psicopatológico que configure uma perturbação de foro psicológico;

Seria natural, então, que Pinochet fosse finalmente a Tribunal pelas acusações de violação de direitos humanos. Pois. Seria natural, não se tivesse ele salvo de duas outras acusações, em tudo semelhantes a esta, desse mesmo Tribunal por razões relacionadas com os tópicos anteriores e que, agora, se comprovam desfazados.

Espero. Espero ansiosamente.

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