Let's go nordic - Razão #2
Razão #2
Se há um «ingrediente» capaz de dar a consistência certa à «receita» de sucesso da sociedade altamente organizada que a Finlândia é, ele é a educação. Ela é mesmo a base da massa.
Reconhecida pelos finlandeses como uma espécie de motor-primeiro que impulsiona todos os outros, deve em boa parte a sua instituição à tradição luterana, segundo a qual as meninas tinham de saber ler. Por isso, a partir dos anos 60 do século XIX, elas passaram a fazer a sua instrução ao lado dos rapazes que até aí se sentavam sozinhos nos bancos da escola.
A medida que viria a ter profundas consequências na sociedade, ultrapassando o âmbito do ensino, coincidia na década com a criação da moeda finlandesa - a Markka - e com a oficialização da língua finlandesa. A Finlândia, que passava de 650 anos de domínio sueco a Grão-Ducado da Rússia, teria ainda de resistir aos anos de «russificação» até fazer a reforma de 1906 que conferia, entre outros aspectos revolucionários para a sociedade, plenos poderes políticos às mulheres.
Um dos momentos essenciais para o ensino, após a Finlândia se ter declarado independente da Rússia, em 1917, foi a promulgação, em 1921, do sistema educativo obrigatório para todos os cidadãos. Ainda hoje assim é e não há circuito turístico com guia que se faça na cidade de Helsínquia onde não se oiça anunciá-lo como um dos pilares fundamentais do país, assente na Constituição de 1919, em vigor até ao presente. Acrescenta-se a especificação: ensino para todos, grátis, incluindo uma refeição quente a meio do dia, assistência à saúde na escola e transporte para os que moram mais longe.
O ensino da escola abrangente cobre a faixa etária dos sete aos 17 anos. Os currículos, definidos pelo Ministério da Educação, são depois adaptados às respectivas realidades locais pelos conselhos científicos das escolas. Será por isso que os bons resultados dos alunos se verificam em todo o território nacional e se diz que os piores alunos na Finlândia são, em média, melhores que os alunos medianos de outros países. Mesmo que não seja completamente verdade, o sistema está montado de maneira a permitir uma formação abrangente e variada nos conteúdos, igualitária e feita em aprendizagem permanente. Só 6% dos alunos não prosseguem para fases ulteriores de formação - secundária, que dura três anos, e superior - o que, levado até ao fim, significa 25 anos de «escola».
In Única, 24-jun-06
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