Friday, April 28, 2006
Thursday, April 27, 2006
Is time on my side?
...But time is on your side
Its on your side now
Not pushing you down and all around
It’s no cause for concern...
Come on, oh my star is fading
And I see no chance of release
And I know I’m dead on the surface
But I am screaming underneath...
Coldplay, Amsterdam
Its on your side now
Not pushing you down and all around
It’s no cause for concern...
Come on, oh my star is fading
And I see no chance of release
And I know I’m dead on the surface
But I am screaming underneath...
Coldplay, Amsterdam
Wednesday, April 26, 2006
"Jamais abandonar o dom que te seduz"
Para a lu mais micro que eu conheço...com sem-sentidos, com apelos do Não, uma prenda existencial ainda assim. E devolvo na mesma medida.
Memória
Amar o perdido
deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
Memória
Amar o perdido
deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
É por estas e por outras que eu nunca hei-de votar PSD e CDS
Quando o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, pede uma saudação aos Capitães de Abril, as bancadas do PSD e do CDS-PP (estariam lá todos?) deixaram-se ficar, mudas e quedas.
Tenha acontecido o que aconteceu nos tempos do PREC (muitos exageros se cometeram, certamente), por muito mal feita tenha sido a descolonização, não aplaudir os Capitães de Abril, para mim, só tem um significado: preferiam viver em ditadura.
É porque só assim se explica.
Tenha acontecido o que aconteceu nos tempos do PREC (muitos exageros se cometeram, certamente), por muito mal feita tenha sido a descolonização, não aplaudir os Capitães de Abril, para mim, só tem um significado: preferiam viver em ditadura.
É porque só assim se explica.
Indie Lisboa 2006 - Festival de Cinema Independente
Drifting States, 2005
Vi, há umas semanas num jornal diário, uma daquelas histórias que duram um dia. Um senhor de 70 e picos anos, residente no Portugal profundo, mata a mulher que sofria de parkinson e alzheimer há decadas, acamada e com poucos sinais de vida consciente.
Há anos que aquele senhor tomava conta dela. De manhã, como o costume, falou com o filho que foi ver a mãe. Pouco tempo depois de o filho se ter retirado, o senhor matou a mulher ao que parece com dois tiros de caçadeira. Depois, deslocou-se para o jardim interior da casa, sentou-se, juntou a espingarda aos joelhos e suicidou-se com um tiro no cérebro.
Só quem nunca viu o que é uma vida acamada pode tecer comentários absolutos e moralistas em relação a isto. Só quem não sabe o desespero que é ver alguém de quem se gosta (em princípio estariam casados há largos anos), consegue criticar este acto. Só alguém que nunca tenha passado por isto pode não ver o lado "heróico" da coisa. Para mim, foi um acto de amor, de libertação de duas almas acorrentadas a um corpo que já nada lhes trazia de vida.
Ora o único pedaço que consegui ver do Indie Lisboa, nem de propósito, foi um filme chamado "Drifting States", uma longa metragem canadiana realizada por um ex-crítico de cinema chamado Dênis Coté. O enredo é simples: a personagem principal, Christian, acaba por matar a mãe acamada. Depois, refugia-se numa aldeia, Radisson, onde tenta refazer(?) a sua vida (?).
O amor pode matar, já isso sabia. Consigo, agora, perceber o sentido literal da afirmação.
Vi, há umas semanas num jornal diário, uma daquelas histórias que duram um dia. Um senhor de 70 e picos anos, residente no Portugal profundo, mata a mulher que sofria de parkinson e alzheimer há decadas, acamada e com poucos sinais de vida consciente.
Há anos que aquele senhor tomava conta dela. De manhã, como o costume, falou com o filho que foi ver a mãe. Pouco tempo depois de o filho se ter retirado, o senhor matou a mulher ao que parece com dois tiros de caçadeira. Depois, deslocou-se para o jardim interior da casa, sentou-se, juntou a espingarda aos joelhos e suicidou-se com um tiro no cérebro.
Só quem nunca viu o que é uma vida acamada pode tecer comentários absolutos e moralistas em relação a isto. Só quem não sabe o desespero que é ver alguém de quem se gosta (em princípio estariam casados há largos anos), consegue criticar este acto. Só alguém que nunca tenha passado por isto pode não ver o lado "heróico" da coisa. Para mim, foi um acto de amor, de libertação de duas almas acorrentadas a um corpo que já nada lhes trazia de vida.
Ora o único pedaço que consegui ver do Indie Lisboa, nem de propósito, foi um filme chamado "Drifting States", uma longa metragem canadiana realizada por um ex-crítico de cinema chamado Dênis Coté. O enredo é simples: a personagem principal, Christian, acaba por matar a mãe acamada. Depois, refugia-se numa aldeia, Radisson, onde tenta refazer(?) a sua vida (?).
O amor pode matar, já isso sabia. Consigo, agora, perceber o sentido literal da afirmação.
Thursday, April 20, 2006
Wednesday, April 19, 2006
Forever Young #2
Recordo, por isso, o que desenhei no meu livro de Português do 11º ano, entre os poemas de Bocage e os seus - eternos - ciprestes:
A.R.Drums
1976-2006
O futuro não estava nos meus planos.
A.R.Drums
1976-2006
O futuro não estava nos meus planos.
Forever young
Mistura-se passado, presente e futuro. Na vertigem de uma outra morte - morte de mim, do que sonhei e da margem de esperança que desvanece a cada dia, nos dias feitos de obrigações, deveres e contas para pagar, ansiando por dias de liberdade em que parto sem destino, voltando ao my true self.
Não tenho jeito para envelhecer.
Não consigo conceber rugas, o corpo que não obedece, o ser velho neste país, que também não deve ser muito diferente dos outros países.
Procuram-se cheap thrills, um momento, um só momento que me leve a ser forever young. E entender que se pode ser controlavelmente incontrolável, temporariamente intemporal, mortalmente imortal.
Let’s dance in style, let's dance for a while
Heaven can wait we’re only watching the skies
Hoping for the best but expecting the worst
Are you going to drop the bomb or not?
Let us die young or let us live forever
We don’t have the power but we never say never
Sitting in a sandpit, life is a short trip
The music’s for the sad men
Can you imagine when this race is won?
Turn our golden faces into the sun
Praising our leaders we’re getting in tune
The music’s played by the madmen
Forever young, I want to be forever young
Do you really want to live forever, forever and ever?
Some are like water, some are like the heat
Some are a melody and some are the beat
Sooner or later they all will be gone
Why don’t they stay young
It’s so hard to get old without a cause
I don’t want to perish like a fading horse
Youth is like diamonds in the sun
And diamonds are forever
So many adventures couldn’t happen today
So many songs we forgot to play
So many dreams are swinging out of the blue
We let them come true...
Forever Young, Alphaville (1982)
Não tenho jeito para envelhecer.
Não consigo conceber rugas, o corpo que não obedece, o ser velho neste país, que também não deve ser muito diferente dos outros países.
Procuram-se cheap thrills, um momento, um só momento que me leve a ser forever young. E entender que se pode ser controlavelmente incontrolável, temporariamente intemporal, mortalmente imortal.
Let’s dance in style, let's dance for a while
Heaven can wait we’re only watching the skies
Hoping for the best but expecting the worst
Are you going to drop the bomb or not?
Let us die young or let us live forever
We don’t have the power but we never say never
Sitting in a sandpit, life is a short trip
The music’s for the sad men
Can you imagine when this race is won?
Turn our golden faces into the sun
Praising our leaders we’re getting in tune
The music’s played by the madmen
Forever young, I want to be forever young
Do you really want to live forever, forever and ever?
Some are like water, some are like the heat
Some are a melody and some are the beat
Sooner or later they all will be gone
Why don’t they stay young
It’s so hard to get old without a cause
I don’t want to perish like a fading horse
Youth is like diamonds in the sun
And diamonds are forever
So many adventures couldn’t happen today
So many songs we forgot to play
So many dreams are swinging out of the blue
We let them come true...
Forever Young, Alphaville (1982)
Wednesday, April 12, 2006
Interlúdio Pascoal
E agora desculpem-me que me vou, porque desde que descobri que Judas afinal era um gajo porreiro a Páscoa ganhou, para mim, um novo significado.
Sobretudo a parte das férias em que circular pelo Porto volta a ser um prazer, a parte em que saio da sanzala e me dou ao luxo de, por 5 dias que seja, usar as minhas sapatilhas mais rotas, a minha sweat mais descarada (in both senses of the word - decote e mensagem) e deixar o relógio na gaveta.
Viva Judas!Senão eu não tinha férias!
Sobretudo a parte das férias em que circular pelo Porto volta a ser um prazer, a parte em que saio da sanzala e me dou ao luxo de, por 5 dias que seja, usar as minhas sapatilhas mais rotas, a minha sweat mais descarada (in both senses of the word - decote e mensagem) e deixar o relógio na gaveta.
Viva Judas!Senão eu não tinha férias!
Tuesday, April 11, 2006
O amor é uma coisa, a vida é outra #2
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.
Elogio ao Amor, Miguel Esteves Cardoso
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.
Elogio ao Amor, Miguel Esteves Cardoso
A vida é uma coisa, o amor é outra #1
Elogio ao Amor, Miguel Esteves Cardoso
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
Monday, April 10, 2006
Clarity can come to you in odd situations
Numa aula de body-combat:
Já não tens idade para viver o dia a como se fosse o último.
Basta que o vivas como o primeiro.
Já não tens idade para viver o dia a como se fosse o último.
Basta que o vivas como o primeiro.
Friday, April 07, 2006
Here's me for you
Dos meus tempos passados em last summer detox (crise programada para ocorrer em ambiente controlado) , concluí que, procurando-me em mim, há para dar e vender disto:
I am not a pretty girl
that is not what I do
I ain't no damsel in distess
and I don't need to be rescued
so put me down punk
maybe you'd prefer a maiden fair
isn't there a kitten stuck up a tree somewhere?
I am not an angry girl
but it seems like I've got everyone fooled
every time I say something they find hard to hear
they chalk it up to my anger and never to their own fear
and imagine you're a girl
just trying to finally come clean
knowing full well they'd prefer you were dirty and smiling
and I am sorry
I am not a maiden fair
and I am not a kitten stuck up a tree somewhere
and generally my generation
wouldn't be caught dead working for the man
and generally I agree with them
trouble is you gotta have youself an alternate plan
and I have earned my disillusionment
I have been working all of my life
and I am a patriot
I have been fighting the good fight
and what if there are no damsels in distress
what if I knew that and I called your bluff?
don't you think every kitten figures out how to get down
whether or not you ever show up
I am not a pretty girl
I don't want to be a pretty girl
no
I want to be more than a pretty girl...
Ani diFranco - Not a pretty girl
Thursday, April 06, 2006
O prometido é devido e eu não sei cumprir promessas
Hello.Is there anybody in there? Just nod if you can hear me.Is there anyone home? Come on, now.I hear you’re feeling down.
Well I can ease your pain,Get you on your feet again. Relax.
Can you show me where it hurts? There is no pain, you are receding.
Now I got that feeling once again.I can’t explain, you would not understand.This is not how I am.I have become comfortably numb.
Come on it’s time to go.There is no pain, you are receding.
I turned to look but it was gone.I cannot put my finger on it now.The child is grown, the dream is gone.I have become comfortably numb.
Dar Williams & Ani DiFranco "Comfortably Numb" (2006)
A noite desencadeia-se e inicia o seu "prisma inverso da ascenção" (ornatos violeta). Então envelhecer é isto. Trazemos nódoas negras do tempo em que crescíamos e não envelhecíamos, em que bufávamos para os joelhos e ríamo-nos da pele esfolada. Hoje olho para as minhas cicatrizes e sorrio ternamente. Sinto falta de ti, de ti e de ti.
O óbice da questão - há sempre um óbice nas minhas questões, lamentavelmente - é saber onde dói agora. Nos joelhos, nos braços, na cabeça, vejo cicatrizes, queimaduras e tatuagens. Vejo, toco, sei o que fiz, onde fiz, com quem as fiz. Já não doem, mas sei onde estão.
Agora tenho outro tipo de dores. Não sei onde está, só sei que dói.
Tuesday, April 04, 2006
Do post que deveria estar no canto esquerdo só para se ouvir
Lembrei que, noutra existência bloggista, "realizei" que uma das vantagens de ter 29 anos - no limiar de outra morte, portanto - é ter uma capacidade de relativismo que eu não tinha nem teria aos 23, nem aos 25 ou aos 27.
É uma espécie de fair-play: entende-se que, na máxima anglo-saxónica, you win some, you lose some. Sem perder discernimento. Sente-se a perda, entende-se a perda, mas não se perde o norte (quando, apesar de tudo, as perdas são mais periféricas que estruturais). E que se consegue reconhecer que o outro, que já foi parcialmente nosso (só que com a ilusão que seria totalmente nosso), já não o é. Que somos apenas temporariamente tangenciais à vida uns dos outros, e que só varia a extensão do temporariamente. E deixá-las ir encontrar "outros tangenciais", em que o quão temporariamente, só eles saberão.
Aproveitar o que deixaram em nós, para sermos mais pessoas.
Please believe me
I'm ecstatic for you
Well why should I pretend?
I have nothing to lose
No I don't compare
You've got it all wrong now
My sorrows left behind
Let me tell you the truth
I feel nothing but
Joy and pride and happiness
Nothing but
Cheerful face with kindness
I feel nothing but
Oceans of love and forgiveness
For you and your sweet girl
Please ignore
The particular way I smile
Take no notice of
The blood on the lip I bite
I'm still your friend
There's no denying
You and your new girl
As I remember
Everybody has affairs
Oh yeah, we had some fun
But she's so perfect for you
Skin "Nothing but" (Fake Chemical State, 2006)
É uma espécie de fair-play: entende-se que, na máxima anglo-saxónica, you win some, you lose some. Sem perder discernimento. Sente-se a perda, entende-se a perda, mas não se perde o norte (quando, apesar de tudo, as perdas são mais periféricas que estruturais). E que se consegue reconhecer que o outro, que já foi parcialmente nosso (só que com a ilusão que seria totalmente nosso), já não o é. Que somos apenas temporariamente tangenciais à vida uns dos outros, e que só varia a extensão do temporariamente. E deixá-las ir encontrar "outros tangenciais", em que o quão temporariamente, só eles saberão.
Aproveitar o que deixaram em nós, para sermos mais pessoas.
Please believe me
I'm ecstatic for you
Well why should I pretend?
I have nothing to lose
No I don't compare
You've got it all wrong now
My sorrows left behind
Let me tell you the truth
I feel nothing but
Joy and pride and happiness
Nothing but
Cheerful face with kindness
I feel nothing but
Oceans of love and forgiveness
For you and your sweet girl
Please ignore
The particular way I smile
Take no notice of
The blood on the lip I bite
I'm still your friend
There's no denying
You and your new girl
As I remember
Everybody has affairs
Oh yeah, we had some fun
But she's so perfect for you
Skin "Nothing but" (Fake Chemical State, 2006)
Do privilégio
É o nome que dou à oportunidade de ser testemunha de um processo de morte e ressurreição. Da passagem da realidade pintada a delírio existencial para o tempo em que já não há tempo, da definição de projectos de vida, em que tudo nos empurra para a concretização de planos pouco menos que inatingíveis a longo prazo. E como lidar com essas mortes - essenciais à vida - mantendo o que há de possível manter na ressurreição.
Estive na melhor posição possível: na primeira fila, em frente ao palco. A ver-vos dançar. A ver-vos descamar à medida que o tempo cria erosão na pele côr-de-rosa e a criar outras tonalidades, outras mais claras e outras mais escuras. Ver-vos, a algumas," à espera do combóio na paragem do autocarro."(Clã & Sérgio Godinho)
Sinto-me grata à vida que tenho por ter tido este privilégio. Por muitas dores de cabeça que a excepção profissional me tenha trazido.
E, nos dias que se seguirão, logo se verá o que acontece...seja o que for, já valeu a pena.
«Chega a onde tu quiseres,
mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada p´ra andar
a gente não vai parar
enquanto houver estrada p´ra andar
enquanto houver ventos e mar
a gente vai continuar
enquanto houver ventos e mar...»
Jorge Palma «A gente vai continuar»
Estive na melhor posição possível: na primeira fila, em frente ao palco. A ver-vos dançar. A ver-vos descamar à medida que o tempo cria erosão na pele côr-de-rosa e a criar outras tonalidades, outras mais claras e outras mais escuras. Ver-vos, a algumas," à espera do combóio na paragem do autocarro."(Clã & Sérgio Godinho)
Sinto-me grata à vida que tenho por ter tido este privilégio. Por muitas dores de cabeça que a excepção profissional me tenha trazido.
E, nos dias que se seguirão, logo se verá o que acontece...seja o que for, já valeu a pena.
«Chega a onde tu quiseres,
mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada p´ra andar
a gente não vai parar
enquanto houver estrada p´ra andar
enquanto houver ventos e mar
a gente vai continuar
enquanto houver ventos e mar...»
Jorge Palma «A gente vai continuar»