Monday, July 31, 2006

Do Líbano

Não vou falar. Não vou sequer emitir opinião sobre quem tem razão, porque Israel são os Estados Unidos do Médio Oriente e o Hezbollah é um conjunto de bandalhos terroristas, cheios de sangue nas mãos. Por mim, já disse: era a enfiá-los, Governo e Radicais israelitas, mais os membros do Hezbollah todos numa vala e deixá-los lá. Até se matarem uns aos outros e não restar mais ninguém para matar civis impunemente.

Sensibilizou-me a entrevista de uma portuguesa que já andou pela SIC Notícias a dar o outro lado do exílio de quem vivia no Líbano. Acho que é um relato equilibrado que deita abaixo uma data de mitos e, coisa rara nos comentadores, de quem viveu aquilo de que fala. Aqui vos deixo...

«Léa, a filha de cinco anos, chorou muito ao despedir-se do pai num dos cais de Beirute. E a mãe então inventou uma história. Explicou-lhe que tinham muita sorte porque iam apanhar um paquete enorme «numa odisseia fabulosa» pelo mediterrâneo. A viagem durou 12 horas, antes de seguirem num Hercules C-130 para Portugal. No fim, Léa disse que tinha visto sereias no mar. Desde a semana passada que uma ponta da família Arbidja está no Estoril e a outra continua no Líbano. Carolina, a mãe, está pessimista. «Infelizmente, tenho a impressão que vai demorar muito tempo até poder voltar para casa».

Estava a trabalhar quando começou o ataque ao Líbano?
Na noite anterior aos primeiros ataques, no dia 13, deitámo-nos um pouco preocupados com as notícias. Acordámos por volta das cinco e tal da manhã. Tinham bombardeado o aeroporto e também o sul do país. Aí começou o clima de pânico na cidade. Mas fui trabalhar. Sou directora de uma creche.

Os pais deixaram as crianças na creche, apesar das bombas?
Só apareceram 14 crianças. A creche fica a dez quilómetros do centro de Beirute e eu ouvia os bombardeamentos ao longe e os aviões a sobrevoar a cidade. Temos uma casa na montanha, a 40 minutos do centro de Beirute, e fomos para lá. Houve uma corrida doida aos supermercados e à gasolina.

Quando decidiu vir para Portugal?
Tenho nacionalidade francesa - a minha mãe é francesa - e comecei a receber mensagens de telemóvel do consulado francês. Pediram para nos inscrevermos nas listas de evacuação. O meu marido esteve no Líbano durante os 15 anos de guerra e achou melhor nós sairmos.

O que é que o seu marido faz?
É responsável pelo departamento internacional de um banco. As operações ficaram num caos. Se o meu marido saísse de lá, podia não perder logo o emprego, mas estaria sujeito a sanções.

Ele não se sente marcado pela longa guerra anterior?
Como todos os libaneses. Quando cheguei ao Líbano, os sírios estavam lá e dominavam o país. Eles diziam: «Maleich, não faz mal». O simples facto de estarem em paz fazia com que deixassem para trás muitas coisas. Havia o irmão que morreu na guerra, a casa que foi bombardeada 20 vezes. Os detalhes não importam. Sente-se uma fúria de viver.

Dizem que Beirute é a capital nocturna do Médio Oriente.
Sai-se até muito tarde. Talvez não tanto como aqui, mas existem três quarteirões só com boites, bares e restaurantes.

Mesmo sendo a maioria da população muçulmana?
Neste momento, há mais muçulmanos do que cristãos, mas não é uma maioria esmagadora. São talvez uns 65 por cento.

Mas bebem álcool como os outros?
O meu marido é católico, mas temos muitos amigos muçulmanos e todos bebem álcool e comem carne de porco. Há muitos tabus que são fingidos: uma rapariga diz que vai dormir a casa de uma amiga. E os pais não fazem perguntas porque é melhor fingir que não se sabe. Tenho um grande amigo «gay» que esteve há dois anos de férias no Líbano. Pedi-lhe para me explicar como é que conseguia conhecer alguém. E ele disse-me: «Não te passa pela cabeça o número de ‘gays’ que há em Beirute».

Já era assim quando chegou a Beirute há seis anos?
Sim. Aliás, as libanesas saem à rua muito mais decotadas do que eu. À noite, andam praticamente nuas. A única mudança que senti é que vejo também mais mulheres tapadas. Soube há pouco tempo que o Hezbollah sustenta 39 mil famílias no Líbano. Dá 1500 dólares por mês a cada uma delas. O Hezbollah é um estado dentro do estado e tomou proporções gigantes. Tem escolas, hospitais.

Como conheceu o seu marido?
De férias, em Beirute. Tenho duas grandes amigas que são libanesas e que estudaram comigo em Lisboa, no Liceu Francês. O meu marido é um grande amigo dessas minhas amigas e, então, conhecemo-nos lá. Devia ter ficado três semanas e acabei por ficar dois meses e meio.

E a falta de igualdade entre sexos?
Existe, mas tenho a sorte de ter um marido muito europeu.

Os seus filhos são libaneses?
Os meus filhos são cidadãos do mundo. É assim que os quero educar. A minha filha está numa escola francesa no lado muçulmano da cidade. Estou convencida de que ela tem de estar ali. Aquele é o país onde ela vive, um país de todas as religiões. A constituição do Líbano diz que o primeiro-ministro tem de ser muçulmano sunita e o presidente tem de ser cristão maronita. Ainda não se fala de partidos. As pessoas são identificadas de acordo com a sua crença religiosa.

Participou nas manifestações do ano passado contra a Síria?
Sim, apesar de ter sido fortemente desaconselhada a não participar. Não vou dizer que foi por me sentir libanesa, porque não me sinto, mas fi-lo pelos meus filhos. Para que o país mudasse.

A culpa da guerra é dos israelitas, do Hezbollah, da Síria ou do Irão?
Acho que, infelizmente, é a guerra dos outros que está a ser feita no Líbano. Esta não é a guerra do Líbano. Para mim, os prisioneiros israelitas são uma desculpa. Não é razão para se bombardear um país.

Tem tido momentos de sobressalto desde que chegou a Portugal?
Cada vez que ouço um avião a passar continuo a achar que vamos ser bombardeados. Ainda agora saímos de casa e havia um incêndio e a Léa perguntou se era uma bomba. Nos primeiros dias, não lhe disse o que se estava a passar. Não queria que ela, com cinco anos, fosse confrontada com a ideia da guerra. Mas ao fim de dois dias ela perguntou-me porque é que tinham batido no aeroporto. Então eu expliquei-lhe que havia um país que não se entendia muito bem com o Líbano e que esse país se chama Israel.»

In Expresso

Friday, July 28, 2006

Quote of the day

«Things have dropped from me. I have outlived certain desires; I have lost friends, some by death… others through sheer inability to cross the street.»

Virginia Woolf - The waves (1931)

Thursday, July 27, 2006

A Paixão de Pedro

"Pessoal e intransmissível" na TSF é a minha versão de telenovela. Não no sentido pejorativo do termo, mas porque me acompanha à mesma hora (quase) todos os dias. Aqui ouvi histórias de gente fantástica, narrativas e visões do mundo que sempre (ou quase sempre) me impactavam.

Em meses de férias, há as repetições. E ontem foi dia da repetição da entrevista de Carlos Vaz Marques com Pedro Paixão.

Confirma-se: o homem, o Pedro, é uma besta. E, embora seja o meu escritor preferido, não é de todo em todo brilhante. Mas é deliciosamente patológico. Para confirmar aqui.

Wednesday, July 26, 2006

MICRO-reconhecimento





E a Maria leva-se muito a sério?
Não é que me leve muito, muito a sério. Levo é a vida e as coisas de forma demasiado séria. Mas essa é uma tónica de quase todos os humoristas.

Sofrem muito com a vida?
Acho que sim. Não é por acaso que o John Cleese, dos Monty Python, teve, a páginas tantas, um problema psicológico. Chegou a escrever um livro a contar os episódios das terapêuticas por que passou, onde contava o que é ser um cómico e estar perturbado psiquicamente.

Identifica-se com essa perturbação?
Para se chegar ao lado mais risível e engraçado das coisas, é preciso ter um olhar muito sério, dramático e objectivo sobre a vida. Um olhar invasor, perturbador, político. E, às vezes, um bocadinho ditador.

Sempre ambicionou ser humorista?
Sim. Foi sempre o meu sonho. Nos anos 90 esta profissão não era muito bem vista, agora é que está na moda ser actor por causa de produtos como os «Morangos com Açúcar». Eu achava que era um luxo desejar esse caminho. A sociedade ainda só valorizava quem lutava por um curso, um canudo. Eu só fui para o conservatório porque por uma décima não entrei em Direito. Achava que ia para ali um anito, tirar gosto, mas depois voltaria para a minha vida normal que era seguir Direito.

É uma pessoa triste, por detrás dos sorrisos?
Acho que sou. Muito melancólica. Nostálgica.

Maria Rueff in Única

Thursday, July 20, 2006

The thing with men and cotton

A propósito da mais recente exibição de foleirismo pindérico-rústico da estrela de Fundão e Montijo, essa tal de Ana Malhoa, veio a discussão, entre um café ao final do dia e um jb para aquecer, sobre a linha frágil que separa o que é ser sensual do que é ser porno-foleiro.

Pela amostra, as mulheres são unânimes em afirmar que a exibição da pequena foi mais a puxar para o porno-foleiro do que para o sexy. Os homens, esses, concordam. Porém...(e se não existisse um porém não havia este post), alguns foram capazes de admitir que ainda assim gostaram de ver. Não sabem porquê - ou não souberam explicar porquê - mas algo os impelia para ver a coisa.

É evidente que há quase qualquer coisa de animalesco, pulsão chamava-lhe Freud, que os puxa para aquilo. E a pergunta seguinte foi: gostavas de ver a tua namorada naqueles preparos?

Resposta (mais ou menos) colectiva: se fosse só para mim, gostava.

E eu relembrei antigas discussões sobre o porquê da atracção quase animalesca dos homens por lingerie, ao ponto de serem capazes de entrar numa loja de lingerie feminina e comprarem para as suas respectivas (ou para as segundas respectivas, aka, "amantes"). Ao ponto de conseguirem dizer que "falta qualquer coisa" quando contemplam uma mulher nua (ao qual os "mais machões" se apressaram a dizer que nua também vale, não há problema!).

Há algumas peças de lingerie que têm, efectivamente, bom gosto. Outras, parece que nem sequer são feitas para mulheres, parecem muito mais marketizadas para que as mulheres interiorizem a necessidade que os homens têm em vê-las com aquelas peças de roupa(?) interior.

Mas percebi, graças a um comentário de um sempre sapiente ser nestes domínios: algodão usamos nós! Gostamos que elas usem lingerie, e quanto mais sofisticada melhor, porque é um universo ao qual não temos acesso. Precisamos, como parte do processo de conquista, de sentir que é algo exterior a nós.

E pronto, parece-me que é esta a coisa dos homens (as generalizações têm sempre problemas) com a lingerie: remete-os para um universo com que estão habituados, desde putos, a sonhar. E tirar a parte do imaginário ao processo de conquista/sedução/relação sexual...

Dear boy toy

«In the sunset of dissolution, everything is illuminated by the aura of nostalgia, even the guillotine»

Jonathan Safran Foer in "Everything is illuminated" (2002)

Deixa que a atmosfera com que me olhas se dissipe. Nostalgia de parte a parte é nostalgia ao quadrado, mas não é um no outro que a desejamos. Procuramos, mas não encontramos.
Se isto implica o fio da navalha, pois que seja. Mas saibamos que a aura da nostalgia um dia desaparece, e qual de nós fica com a cabeça na guilhotina?

Like the deserts miss the rain

«Não deve haver um quilómetro quadrado que não esteja urbanizado (nem que na forma de jardim). Não há canto onde não habite gente. A noção de isolamento é coisa que ali não mora. Há túneis e pontes de ligação a "terra firme". Mas não deixa de ser... uma ilha. Manhattan não é sinónimo de Nova Iorque. Mas raros são os visitantes por meia dúzia de dias que se aventuram para lá da ponte de Brooklyn. Menos ainda os que passam por Queens, isto para nem falar no Bronx ou Staten Island.Manhattan é um mundo cheio de acontecimentos, histórias, gentes e edifícios para descobrir nas avenidas longitudinais, nas ruas transversais, a Broadway a destoar.

E a caracterização humana e funcional dos pequenos "bairros" nunca nos deixa a sensação de estar perdido. Lower Manhattan, a zona financeira, veste bem entre prédios altos com muitos escritórios e bancos. O Soho e Tribeca usam casas com ferros do final do século XIX e não escondem um gosto antigo pelas artes plásticas, tantas são as galerias que ali moram. Em South Seaport quase respiramos a memória da velha ilha colonial, veleiros a olhar para a Brooklyn Bridge, ao lado de um cais habitualmente inundado por turistas. O Greenwich Village respira uma placidez em casas georgianas de três andares que não se imaginam numa cidade onde, ruas acima, estar num 40.º andar não é surpresa. Ao lado, o East Village respira os ecos de muitas comunidades de imigrantes ali instaladas desde o século XIX, a mais famosa a chinesa (todavia, na ressaca do 11 de Setembro, muitas foram as famílias que dali se mudaram para outros bairros, levando consigo os seus restaurantes).


O Theatre District, em redor da Broadway, vive a luz e a cor do espectáculo, com paroxismo numa Times Square hoje com ares de Tóquio. Upper Manhattan alberga os colossos de mais de 70 andares. Depois o Central Park, verde a meio, museus e apartamentos chiques de ambos os lados. O Harlem e marcos centenários da cultura afro-americana, mais acima, depois da rua 110.Manhattan é movimento e diversidade. Da tranquilidade de uma sesta nos relvados não muito longe da Fountain of Bethesda, no coração do Central Park, ao olhar panorâmico no 102.º andar do Empire State Building, de um Pollock no MoMA a uma noite de música no Carnegie Hall, de um vinil de colecção numa das muitas lojas da Bleeker St. a uma tarde de patinagem no gelo frente ao Rockefeller Center, da elegância suprema do Gughenheim de Frank Lloyd Wright ao pimba chique da Trump Tower, de um café rápido num Starbucks a uma visita à cascata de gente na Grand Central, há vida. Se aos lugares juntarmos as gentes, rapidamente percebemos porque a canta Lou Reed, a filma Woody Allen, a escreve Paul Auster.»

Nuno Galopim in DN

Wednesday, July 19, 2006

Wishful Thinking

Turkey









and Summer Rain....

Foto: Blue Mosque - Istambul
The ost for this post is "I'm only happy when it rains" - Garbage

Tuesday, July 18, 2006

"Tem andado gente à tua procura"

Agora, vem de volta que eu seguro,
Tens andado longe demais de ti
Deixa que os teus bons braços te larguem
Para que os teus bons sonhos te levem
Deixa que os teus bons dias te lavem
Sem perguntar para que servem ...

SuperNada - Tem andado gente à tua procura

Foto: Parada do Bouro - Gerês

"Novos planos para fugir" (*)


Sorilhal
Gerês
(*) Supernada

Monday, July 17, 2006

In the arms of the angel...1992-2006

O céu tem agora uma nova estrela.
Uma que brilha directo sobre os lugares onde sempre esteve, onde me recebeu com aquele olhar com o qual só ele sabia receber-me. Um olhar de aceitação incondicional. Não interessava como estava, dele só recebia tudo o que ele tinha para dar.

Foi uma lição de amor incontestado.

Nem vou perguntar-me onde estarás, porque alguém como tu só pode estar onde fica quem brilha na vida como tu o fizeste.

Consola-me apenas ter feito tudo o que era humanamente possível por ti, pela tua vida. E até no momento de dizer adeus, foste um herói, poupando-me a uma tomada de decisão que tem tanto de amor pleno como de dilacerante.

E eu só tenho de olhar para o céu, cada vez que este vazio se instalar quando não conseguir vislumbrar o teu movimento, a tua matéria.

O céu tem uma nova estrela e que brilha mais do que todas as outras. E o nome é Mozart.

You’re in the arms of the angel
May you find some comfort there
Sarah McLachlan - Angel

Wednesday, July 12, 2006

News from the cold #2

the sky is grey, the sand is grey, and the ocean is grey.
i feel right at home in this stunning monochrome, alone in my way.
i smoke and i drink and every time i blink i have a tiny dream.
but as bad as i am i'm proud of the fact that i'm worse than i seem.
what kind of paradise am i looking for?
i've got everything i want and still i want more.
maybe some tiny shiny thing will wash up on the shore.
you walk through my walls like a ghost on tv.
you penetrate me and my little pink heart is on its little brown raft floating outto sea.
and what can i say but i'm wired this way and you're wired to me,
and what can i do but wallow in you unintentionally?
what kind of paradise am i looking for?
i've got everything i want and still i want more.
maybe some tiny shiny key will wash up on the shore.
regretfully, i guess i've got three simple things to say:
why me? why this now? why this way?
overtone's ringing,undertow's pulling away under a sky that is grey on sand that is grey by an ocean that's grey.
Ani DiFranco - "Grey"

Supernada

O paradoxo sempre tão presente no que já foram os Ornatos Violeta, subliminal nessa má ideia que foram os Pluto.

Manel Cruz está de volta. Hard-Club e Santiago Alquimista (e, mais tarde, Serralves by night) foram os palcos onde os Supernada apresentam algo de muito familiar...uma espécie de Ornatos, versão Monstro, com temperos um pouco mais sofisticados.


A reter, numa primeira análise: "Novos planos para fugir", "À tua procura" e "Sempre meu". Entre outras, muitas outras, em fase inicial de digestão.

E, aproveito agora para completar com a versão oficial e não projectada:

«Sempre medo de perder, mas perder o quê... quando só nos vemos quando mais alguém nos vê...» (Sempre Meu).

Tuesday, July 11, 2006

News from the cold

God bless text messaging. God bless headphones.

If it wasn't for technology, I wouldn't have the possibility to be away without staying away. Therefore, I wouldn't have the scarce last drop of humanity that I still have. One day I heard about human credentials. Oddly enough, I sat and listened.

Human credentials are the few people that remain when you're in the cold contagious style for too long. They seldom complain. They don't give you a hard time. Most of them don't even understand what the hell you're doing with your life. The others that actually understand, just don't give a fuck. That's reasonable, let's face it. You get what you give and that goes without saying. But anyhow, human credentials are the ones that remain with you for whatever reasons (being cute and well-related is not one of them) and people look at them when they are with you, and go like: "how the hell is she/he with her? Someone so bla-blabla-blablabla with her...".

I've got some human credentials. But they don't seem enough to get my humanity back. I'm not polite anymore. I can't answer phones anymore. Social contact is increasingly becoming more difficult to play along. When your all-time best friend, who has been away uncontacted for almost 5 months and you can't even bother to pick up the phone when he calls, something's wrong. Something's really wrong. This cold contagious phase is spreading and my concept of having a good time is now being alone, away from social interaction. With few exceptions, because the world doesn't allow you to do it.

Don't i feel blessed for the ones I met? Yes, I do. Is it enough? No, it isn't.

I've chosen my path. The path of the sheep, fed by the illusion that you can balance things. I could choose a future different from your past. But now that I've turned my back to it all and the tables have turned, you ask yourself: what the fuck for?

This isn't what I signed up for. And certainly not for the dark place that it leads to.

By myself and unable to reach out. Maybe that's just another phase. So I get along blasting demons with my headphones and text messaging when I can find that will to reach out.

Awkwardly enough, since by now i should already be sick of myself, shouldn't I?

The OST for this post is "Welcome to" by Ani DiFranco
it's quiet here except for this song
now that everybody's gone
but hey
(at) least you don't have to play along today...

The gospel by zoloft (or: oh!,so this is how it feels to be 30)

Versicle 33: Make sure you hate the world - in and outside yourself - with a grim smile on your face. A smile, just a smile - be it dull, sarcastic or cynical. Zoloft helps.

Versicle 30: May I never have a gun on my hands. It's tragedy for sure. It can be a traffic light brawl. It can be because of crowd and noise. It can be 'just because'. It doesn't matter. Just make sure a gun never lays on my hands. Zoloft helps.

The OST of this post is 'Slither' by Velvet Revolver

Monday, July 10, 2006

Tu dizes e eu respondo

Tu dizes:

Confesso-te a morte de todas as mulheres que amei e que matei dentro de mim por não conseguir amá-las mais, por não conseguir amar-me a mim próprio, por apenas lhes amar os corpos e eles se transformarem de cada vez que os tocava e eu não suportar o desespero de não me encontrar neles.

E eu respondo:

Confesso-te que não demoro muito a matar tudo aquilo que amo, porque, morto, posso recordá-lo e porque a memória, mais do que a vida, é o contrário da morte. Porque, graças à memória, a consciência apazigua-se à distância. E eu conspiro com a memória para amar ainda mais aquilo que mato.

(*) Filipa Melo - Este é o meu corpo

Ring a bell? #2

For the past fourteen of his twenty-eight years, he’d spent the majority of his time inside a bottle. Teenage beer and wine parties turned to vodka and rum at nightclubs, which in turn evolved into straight whiskey. Exiting the bedroom, he said a silent prayer to his patron saint, Jim Beam, asking that there be some in the liquor cabinet. An illuminating golden glow surrounded the thick blackout curtains. A small war had gone down in the living room the previous evening. Full ashtrays, assorted liquor bottles, empty and half-empty packs of cigarettes, and beer cans were strewn everywhere. Several CD covers were caked in cocaine residue. Mayne tried remembering who had been partying there and couldn’t. An empty pack of Kool cigarettes meant that one of his many dealers, Jamie Jazz had delivered something. It didn’t take very long before he made the connection between the empty bindles in the bedroom and Jamie. Jamie (pronounced Jay-mee) was typical Hollywood trash who hand delivered coke, toke, crack, or smack to troubled celebrities, exploiting their vulnerabilities. Mayne searched for more clues as to who else had been over partying but came up blank. He slid behind the bar that was adjacent to the kitchen and opened a cabinet. There were several unopened bottles of assorted white liquors. A nervous surge shot through his small stomach. What if there was no whiskey? He shuffled the bottles around until he found the proper one. A sigh of relief escaped him as he twisted the cap off and made a mental note that he needed to restock. The whiskey’s aroma was his equivalent of fresh brewed coffee. "Here’s looking at you, love," Mayne said aloud, raising the bottle to his lips.

Like every day, one sip led to another. After several sips, he started feeling right. He put the bottle on the counter and made it to the refrigerator. If he was lucky, he’d be drunk before the day started. He removed another Budweiser and went back into the messy living room. There was a dull hum inside his cranium. He couldn’t differentiate whether it was cocaine-induced or the central air-conditioning. If only he could remember what day today was, then he’d know if a maid was scheduled to come by. She could bring booze. The musician sat on the couch, picked up the phone, and dialed 411.


Del James - The language of fear

The OST of this post is Rock Superstar by Cypress Hill

Ring a bell? #1

BLAMM!

Mayne awoke covered in sweat, a mute shriek still lodged in his throat. The past six hours had been spent in a drug-and-alcohol-induced coma that he put over as sleep. Sleep was a rare commodity and was impossible to achieve without some assistance. It didn’t matter whether he slept six hours or six minutes, the nightmare always managed to creep in. No sleeping pill or antidepressant could spare him. He had written the song and was forever damned by it. With unsteady hands, he wiped sweat from his brow and rubbed his fingers against the satin sheets. His silver and gold bracelets clinked together. Rolling onto his side, he stared at the digital alarm clock on top of the black night table that had a built -in refrigerator as its base. On top of the clock was a half-empty pack of Marlboros. He stared at the green digital numbers but they made no sense. It really didn’t matter what time it was anyway, his time was other people’s money. Next to the clock was something more important than cash or time. Slowly he sat up. Tortured eyes scanned the black marble tabletop, searching for any leftover precious brown powder. There were burned matches, bent cigarettes, and empty bindles, but no dope. It didn’t matter. He could always have more delivered. Sitting on the edge of the bed, Mayne reached down and opened the night table’s refrigerator door. Inside were several Budweiser’s, baking soda, and a chilled bottle of Dom Perignon. He grabbed a cold can, killing half of it in one sip. He did this every morning. Instantly, his aching head began to feel better. Although he didn’t want to admit it, the time had arrived to rejoin the living. He knew he had to be at the studio soon but didn’t feel up to it. Besides, the recording of his latest album, Alone, had been finished over a month ago. The album was now in the final mixing stages. If Mayne liked what he heard, he’d approve it and the record would be released on schedule. If not, it would have to be remixed until he did approve. So then, what the fuck did they need him for? He procrastinated for as long as he possibly could before finally standing up.

Much like his bedroom, the bathroom was a disaster area. Discarded clothes, creams, trash, cassettes, and towels dominated the view. Using radar to locate the bowl, he found the porcelain, fought off the urge to puke, and relieved himself. He reentered the bedroom, not really feeling human, more like a robot dressed in rented flesh. There was a dull pain in his abdomen that he’d grown accustomed to. It, like many other flaws in his health, could be attributed to his excessive life-style. Besides hi jewelry, Mayne only wore Jockey briefs. He stumbled over to his dresser, removed a pair of custom-tailored black leather pants, and changed. He found a dark purple silk kimono hanging in a walk in closet and put it on. In a dresser drawer was a gram vial of cocaine. Scooping with the long fingernail on his right pinkie, the tattered musician snorted eight blasts of rock ‘n’ roll aspirin. The kimono felt cool against his warm flesh. He wondered if he was feverish and concluded he probably was. He was always run down, as if with a perpetual fever. That is, of course, until he got his chip. He finished his beer, tossing the empty can in the general direction of a wastebasket that was already crammed with empties. Staring into a full-length mirror, the run-down recluse didn’t recognize the reflection. Sure, the long blond hair and tattoos gave him away, but he looked so frail. Mayne looked like someone who was ready for hospital pajamas. His once attractive face was blue, taut, and expressionless. A scraggly beard covered his chin and his emerald eyes were no longer authentic gems, but rather costume jewelry. He needed a drink.

The OST of this post is - Rock Superstar by Cypress Hill

Wednesday, July 05, 2006

Quote of the day

«Too stupid to live with nothing to lose.»

Crash Diet, Gn'R

It should be easy, shouldn't it?

Tuesday, July 04, 2006

Era uma vez uma Ordem dos Psicólogos - Episódio III e Cenas dos próximos capítulos

Então "a coisa" foi enviada para ser aprovada na especialidade - na teoria, deveria ser de apreciação e reformulações, mas na prática não é assim que funciona. A Comissão de especialidade só aprova o que foi aprovado na generalidade.

Falava eu então no silêncio comprometedor de PCP-PEV, BE e PS. Mas eis que o PS, enquanto grupo parlamentar com maioria absoluta na AR, decide criar uma Lei-Quadro que, como o próprio nome indica, procura enquadrar a actividade de todas as Ordens profissionais em Portugal.

Ora, esta tarefa assume-se como ciclópica, porque como se sabe, as Ordens não gostam muito de regulamentação estatal (vide caso das Ordens dos Médicos Veterinários ou da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, e na forma como reagiram à imposição da Alta Autoridade para a Concorrência que decidiu proibir a fixação de preços mínimos por actos praticados pelos seus associados).

Ou seja, e trocando por miúdos: o grupo parlamentar do PS, embora seja sua iniciativa a Lei-Quadro, vai sofrer pressões fortíssimas para não avançar. Mas o que está aprovado na generalidade a propósito da Ordem dos Psicólogos, talvez não volte a ver a luz do dia, porque não faz sentido aprovar algo que depois tenha de ser novamente formatado.

E pronto, provavelmente a malta da APOP volta a espumar-se novamente. Lição kármica #2. E, pelo caminho, algo de muito necessário para a classe dos psicólogos, volta a ser remetido para as calendas gregas. Quem sabe, esperando pelo dia em que a filha ou o filho de algum Ministro um dia seja obrigada a contribuir com uma doação para uma IPSS para conseguir lá trabalhar.

Era uma vez uma Ordem dos Psicólogos - Episódio II

Persistentes e obstinados (daqui à teimosia vai só um passinho), a Direcção da APOP volta a dar início ao processo. O mesmo projecto, o mesmo grupo parlamentar (de estranhar esta ligação algo repetitiva ao CDS-PP, não é?). É criado o projecto lei 91/X/1, da autoria do grupo parlamentar do CDS-PP, composto por 5 deputados, sendo que pelo menos 2 foram eleitos pelo círculo eleitoral do Porto. E porque falo nisto? Porque estes senhores deputados, ilustres representantes das gentes que os elegeram NO PORTO, propõem um projecto de uma associação que é, a todos os títulos, centrípeta. Propõem um projecto que contempla uma Direcção Nacional e delegações regionais, mas sem autonomia perante a Direcção Nacional, algo de inédito no movimento associativo português. Portanto, os psicólogos, por exemplo, do Porto, não se encontram devidamente representados num órgão, a tal Ordem, cuja tendência é de negligência das delegações regionais que não sejam as de Lisboa.

Isto já para não falar em coisas que, em português bem falante, "cheiram mal", como é o caso de um Conselho Fiscal que presta contas à Direcção ou a existência de um orgão de cariz disciplinar ("Conselho Juridiscional") mas cujas decisões não são passíveis de recurso , a não ser nos tribunais! Ou até do processo de informação que a APOP diz ter feito por esse país fora, mas que em situação alguma saíram de linhas gerais e, quando confrontados com questões específicas do seu projecto - entretanto público via AR - repetiam uma cassette do género "isso é uma questão muito específica, confiem em nós". Ora, eu sei que a moda dos cheques e dos contractos assinados em branco pegou lá para os lados da Luz (Rui Costa dixit), mas todo este processo leva a que eu, enquanto psicóloga, não só não confie "cegamente" na APOP como condene parte do seu próprio projecto. Mais a mais, nunca responderam ao e-mail que lhes enviei nem sequer deram resposta no forum do seu próprio site (em comparação com a celeridade que têm no gatilho quando é para responder a dúvidas de "como posso pagar a minha quota na APOP?").

Entretanto, o PSD contrapõe o projecto lei 162/X/1, com algumas dissonâncias do CDS-PP (APOP). A Comissão nacional instaladora da Ordem dos Psicólogos deve ter em consideração todas as associações que representem a classe em causa, mas o bastonário deve ser nomeado pelo Ministro da Saúde.

Pronto, resultado: ambas foram aprovadas na generalidade, com um silêncio comprometedor de PS, PCP-PEV e BE. Baixaram à comissão de especialidade em 15 de Dezembro de 2005.

Era uma vez uma Ordem dos Psicólogos - Episódio I

Era uma vez uma classe com alergia a corporativismos - numa qualquer reunião com mais de 30 pessoas emerge um sentimento latente de medo de perda de identidade. Acresce o número a todos os títulos desajustado - só crescente pela ganância, essencialmente, das escolas privadas, a quem só cabe receber o dinheirito das propinas e querem lá saber dos 600 miúdos quando saem com o título de dôtôr - às necessidades e ainda mais, à realidade do país.

Mas eis que em pouco mais de 3 décadas em Portugal, há uns quantos que conseguem fazer o milagre de juntarem uns cromitos: Sindicato Nacional dos Psicólogos, Associação Pró-Ordem dos Psicólogos (APOP)e mais uns quantos movimentos que não chegaram a ver a luz do dia.

Uns (os 1ºs), foram marcando presença, afirmando que a questão da Ordem não era assim tão essencial. Os 2ºs, mais espertos, foram batalhando, reunindo uma estranha representatividade (a maior parte dos órgãos que a compõem são provenientes da FPCEUL e das privadas). Mais ainda, estes 2ºs com nome de paralisia, parecem ter acesso a canais de influência que os dos SNP não têm.

Eis que em Dezembro de 2003, a APOP, através do grupo parlamentar do CDS-PP (então coligado com o PSD de Durão Barroso no Governo), apresenta uma proposta de criação de Ordem dos Psicólogos. Proposta essa que foi aprovada na generalidade, aguardando aprovação na especialidade quando o PR Jorge Sampaio, esse grande bacano, resolve dissolver a AR e convocar novas eleições legislativas, ganhas então por outro grande bacano com nome de filósofo.

E o que acontece a uma proposta de lei aprovada na generalidade por uma AR entretanto dissolvida?

Fica sem efeito.

Os da APOP devem ter salivado, rosnado, rezado aos altares por alturas das eleições de 2004, mas nada feito. Voltava tudo à estaca zero. E, digo eu, deviam ter percebido que era uma mensagem kármica qualquer, mas não. Quiseram andar para a frente, qual membro da Opus Dei e o seu cilício.